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Criança e dinheiro: uma relação que deve ser ensinada desde cedo

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A minha educação sobre finanças na infância se resumia a pedir dinheiro para os meus pais ou, quando muito, receber mesada. E, assim que recebia, gastava tudo de uma vez só.
Cresci vendo meus pais sofrendo para pagar as contas. Vivíamos numa gangorra financeira: ou tínhamos muito (viagens de avião, o que era na época luxo, restaurantes, comida farta) ou não tínhamos dinheiro para nada. O lema lá em casa era gastar primeiro, ver como pagar depois.
Cansei de ver meus pais brigarem por dinheiro, ou melhor, pela falta dele. Meu pai vivia atolado em dívidas. Saía de uma e entrava em outra. Empréstimo fazia parte da receita. E isso me deixava sempre ansiosa e preocupada. E talvez por isso um dos meus maiores desejos quando criança era ser independente, ter meu próprio dinheiro.
Porém, como nunca tive uma educação financeira formal, a minha relação com o dinheiro não era das melhores. Gastava tudo o que tinha. Até conseguia economizar, fazer renda extra, mas era sempre com um objetivo específico em mente e de curto prazo.
De toda forma, em comparação com meus pais, já era um avanço, pois não gastava o que eu não tinha.
O ponto-chave da minha mudança com relação ao dinheiro foi uma viagem de volta ao mundo que fizemos em família, quando pude refletir e, então, ressignificar o valor do dinheiro e das coisas.
A partir de então, aprendi a viver com menos e comecei a economizar, juntar dinheiro e investir. Desde então, tenho estudado sobre finanças e repassado os meus conhecimentos ao meu filho: Caio.
Instituí uma mesada para ele, mas ao invés de dar em espécie o guardar num cofrinho, abri uma conta numa corretora de investimentos e venho aplicando para ele desde então. E sempre quando ele pede algum brinquedo ou outra coisa, digo que sairá da mesada dele e faço-o pensar sobre o valor da coisa, quantas semanas precisam passar para ele poder conseguir comprar o que ele quer.
Outra vez, ele pediu um brinquedo “x” que custava o mesmo que uma viagem para Fortaleza, local aonde ele adora ir, e pedi para ele refletir sobre o que iria satisfazê-lo mais: viajar, e isso engloba toda a experiência envolvendo uma viagem, ou o brinquedo. Dessa forma, aos pouquinhos ele entende que vale mais a pena viver experiências e adquirir conhecimentos do que apenas ter coisas e objetos.
Uma boa educação financeira não tem a ver apenas com o dinheiro, mas aprender a esperar, planejar, ter metas e a fazer escolhas que se perpetuarão por toda vida. É aquela famosa pergunta: você prefere um biscoito agora ou dois depois do almoço?
Quando somos educados desde cedo sobre finanças, aprendemos a ter maior controle emocional, a negociar, economizar e a entender que o dinheiro é um recurso finito e que não traz felicidade por si só, mas ajuda a realizar sonhos, a ter uma vida mais confortável e a poder fazer melhores escolhas (como trabalhar com o que gosta ao invés da profissão em voga ou a que dá mais dinheiro).
Uma criança que tenha educação financeira hoje, será um adulto melhor amanhã.

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