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O endividamento e a falta de educação financeira, uma relação insustentável

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O endividamento é um problema cada vez mais presente na vida dos brasileiros. Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em 2021, cerca de 67,5% das famílias brasileiras estão endividadas, o que representa o maior percentual desde 2010. 

Outra pesquisa realizada pela Serasa Experian em 2020 revelou que mais de 60 milhões de brasileiros possuem dívidas em atraso, sendo que a maior parte delas é de cartões de crédito e empréstimos bancários.

Esses números mostram que o endividamento é um problema real e que afeta muitas pessoas. E o que pode ser feito para evitá-lo? 

A falta de educação financeira é uma das principais causas da péssima relação com o dinheiro e com o endividamento das famílias brasileiras. Quando não se tem conhecimento sobre como lidar com dinheiro de forma consciente, é comum tomar decisões financeiras equivocadas que podem levar a um endividamento descontrolado.

E afinal, o que é educação financeira? A educação financeira pode ser definida como um conjunto de conhecimentos e habilidades que visam capacitar as pessoas a gerenciar suas finanças de forma saudável e consciente. Com ela, é possível aprender a fazer um planejamento financeiro, controlar os gastos, investir e poupar dinheiro.

Todavia, grande parte das pessoas não recebem uma educação financeira formal e adequada desde a infância, o que as torna vulneráveis a decisões financeiras equivocadas. A falta de conhecimento sobre juros, créditos e investimentos, por exemplo, pode levar a escolhas financeiras que parecem boas a curto prazo, mas que acabam prejudicando o futuro financeiro.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Banco Central em 2019, apenas 40% da população brasileira é considerada financeiramente educada. Isso significa que a maioria das pessoas não possui conhecimentos básicos sobre finanças pessoais: como poupança, investimentos e controle de gastos.

É importante destacar que a falta de educação financeira não está presente apenas na população de baixa renda. Pessoas com alta renda também sofrem com endividamento devido à falta de conhecimento sobre como gerenciar seu dinheiro de forma eficaz.

Além da questão da educação formal, outro problema que agrava o endividamento das famílias e a má relação com o dinheiro é a forma como tomamos decisões. Nós, seres humanos, somos influenciados pelas emoções na hora de tomarmos decisões financeiras. Cerca de 95% das nossas decisões são tomadas pelas emoções e de forma inconsciente. Porém, nem tudo está perdido, existe uma ciência que estuda exatamente isso, chama-se Psicologia Econômica.

A psicologia econômica pode ser uma ferramenta importante para ajudar a mudar esse quadro. Pois essa ciência, relativamente nova, estuda como as pessoas tomam decisões financeiras e como seus comportamentos podem ser influenciados por fatores psicológicos: como os vieses cognitivos e as emoções.

Por meio dessa abordagem, é possível identificar os principais erros cometidos pelas pessoas na hora de tomar decisões financeiras: como a tendência a dar mais valor ao presente do que ao futuro, o efeito manada, a aversão à perda e outros vieses cognitivos que afetam a nossa tomada de decisão.

Com o conhecimento desses comportamentos e vieses, é possível criar estratégias e políticas públicas que visam educar e conscientizar a população sobre a importância da educação financeira e como evitar armadilhas financeiras comuns.

A educação financeira, principalmente sob a ótica da Psicologia Econômica, é fundamental para uma vida financeira saudável e sustentável. Quando se tem o conhecimento e as habilidades necessárias para gerenciar as finanças, é possível fazer escolhas mais conscientes e evitar o endividamento descontrolado. E, consequentemente, ter uma vida mais feliz e saudável.

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